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Acarminar

"Tenho 3 cores favoritas: preto, branco e colorido."
                                                           - Carmina Borges

Super Poderosas

Por: Carmina Borges

          Quando fui presenteada com esse espaço aqui, pensei em muitos e muitos temas que pudesse falar, vários temas que me agradam e que me cercam. Eu sempre amei escrever, mesmo nunca tendo sido boa, não que isso me incomode, se eu gosto, vou fazer, né não? rs. E um desses temas, seria tudo que cerceia o ser mulher, o “papel da mulher”, o feminismo nosso de cada dia, as expectativas criadas sobre as mulheres, mas nunca me imaginei capaz. Eis que chega março, o mês da mulher (cof cof).

 

            Nasci menina e sempre me identifiquei como menina, apesar de nem sempre (ou quase nunca), ter sido feliz com os padrões a nós, meninas e mulheres, impostos. Como menina, na infância, sempre fui presenteada com os brinquedos feitos para pequenas mulheres, aqueles que me ensinariam a me encaixar nessa sociedade tristemente patriarcal: das panelinhas (que me ensinariam que meu lugar é na cozinha) aos bebês, com carrinho, fralda e mamadeira (que me mostrariam como é divertido ser mãe, trocar fralda e alimentar meu rebento). Ganhei também estojos de maquiagem, casinha, bonecas tão diferentes de mim que me identificava mais com criaturas mágicas do que com aqueles seres-humanos-de-cintura-finíssima. Mas nem tudo foram horrores, acho mais que importante falar dos padrões torturantes que me foram (e são) impostos, mas tem muita gente melhor pra falar isso do que eu.* Na verdade, esses dois parágrafos de “introdução” estão aqui para que eu possa começar a falar de algo que, na minha infância como menina, me empoderou e me mostrou muita coisa boa. São elas, As Meninas Super Poderosas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

           

            A primeira coisa legal que o desenho me mostrou (para uma criança, óbvio), é que azul e verde também são cores-de-menina, porque, na verdade mesmo, cores só são cores e elas não são de senhor ninguém.

            As meninas têm personalidades diferentes. Parece meio óbvio mas na sociedade que padroniza tudo, não parece permitido ter um desviozinho sequer do padrão. A Florzinha tem sempre a postura de líder (!), é superinteligente e justa, já a Lindinha tem uma personalidade meiga e amorosa, ama os animais e é muito solidária, a terceira, Docinho, tem o que meus pais sempre chamaram de “gênio forte”, é decidida, brava e cheia de atitude. Algumas coisas são comuns as três meninas: todas dormem na mesma cama, estudam na mesma escola, estão sempre sendo chamadas para salvar a cidade de Townsville e são mestres em distribuir pancadas em vilões que ousam perturbar a ordem do lugar.

            O fato de as meninas terem superpoderes não tirava delas a fragilidade de qualquer ser humano, elas mostravam tristeza com injustiças, dor e até medo de escuro!

 

            Cresci assistindo a vários desenhos, muitos deles só me demonstravam a reprodução do sistema patriarcal e dos padrões vigentes, assim como em As Meninas Super Poderosas, que pode ter demonstrado grandes deslizes e falta de representatividade. Há muito mais para se perceber no desenho (também positivamente), mas isso é o que posso recuperar da menina que fui e do que ficou dessas lições para mim.

 

            O desenho, que parou de ser produzido em 2005 mas volta esse ano com novos episódios e promete, além de mais desconstrução e empoderamento, que mais dias serão salvos pelas Meninas Super Poderosas.

 

https://player.vimeo.com/video/154985203


* Recomendo:

 

http://lugardemulher.com.br/
http://revistacapitolina.com.br

http://thinkolga.com/

http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/

http://www.naomekahlo.com/


 

 

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